quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tese do TEATRO - DAD UFRGS

O Departamento de Arte Dramática - DAD num estado dramático:


Nós, estudantes de Teatro, durante nossa formação fazemos verdadeiros milagres para alcançar qualidade em nossos trabalhos a partir de condições mínimas. Trabalhamos com uma rede elétrica do século passado e que muitas vezes não suporta os poucos equipamentos de iluminação que possuímos, além de salas úmidas e com infiltrações que já causaram curtos-circuitos e colocam nossas vidas em risco todos os dias. Cada vez mais alunos são colocados inchando as turmas, cada vez mais o departamento é deixado de lado pela Reitoria.
Se nosso Reitor observasse com um pouco de atenção nosso departamento, encontraria a seguinte situação: para disciplinas da cenografia não temos o material básico necessário nem o espaço adequado para acomodar nossos cenários; disciplina de iluminação com poucos equipamentos de luz para o número de alunos; aulas de expressão corporal (para as quais é necessário muito espaço) com 45 alunos para salas que não comportariam nem a metade, além disso, a quantidade se salas disponíveis para ensaio não atende a demanda da nossa produção anual de espetáculos.
Fomos questionados recentemente pelo Ministério da Educação pelo motivo de formarmos em média apenas três diretores por ano, apesar de termos uma graduação exclusiva para a Direção Teatral. A resposta é bem simples: há apenas três salas para estes ensaiarem que devem ser divididas com outras montagens de trabalhos de conclusão de semestre – os diretores que não tem espaço entram numa fila de espera para poderem se formar.
Para quem ainda não sabe, há, sim, em nossos cursos de Direção, Interpretação e Licenciatura, muito que estudar e pesquisar em teoria e prática, mas temos poucos livros da área de Teatro na biblioteca do Instituto de Artes. Os livros que fazem parte das leituras obrigatórias das disciplinas nem sempre existem ou estão desatualizados. No caso dos livros mais novos, só existe um exemplar para todos os alunos. Exigimos uma biblioteca completa e atualizada com livros suficientes para todos os estudantes.
Muitas vezes somos obrigados a tirar dinheiro de nossos próprios bolsos para construir nossas montagens. Montagens essas que vem recebendo prêmios em importantes festivais e crescente aclamação do público gaúcho, porém não são valorizadas e nem mesmo divulgadas em nossa universidade, que ainda enxerga a arte como um sub-conhecimento.
Outro grande problema é a questão de espaço para apresentações, para isso exigimos que espaços de auditórios de outros cursos, contribuindo para descentralizar a arte produzida na UFRGS. Também possuímos um excelente Salão de Atos que deveria ser um espaço disponível à comunidade universitária, mas o que vemos a anos é este espaço alugado para eventos privados que nada tem de acadêmicos, ou seja, a UFRGS promove espetáculos de outros mas marginaliza o que é produzido por seus estudantes. Além disso, perguntamos: para onde vai o dinheiro do aluguel do Salão de Atos?   Exigimos direito a este espaço pelo menos duas temporadas ao ano, temporadas essas que devem ser patrocinadas pela universidade.
Lutamos também pela obrigatoriedade do oferecimento do ensino de Teatro em todas as escolas brasileiras com profissionais formados na área, pois acreditamos na contribuição dos nossos conhecimentos específicos na humanização da educação e da sociedade. A valorização do ensino de Teatro depende da valorização da formação de professores e do reconhecimento da arte, assim como a linguagem e a filosofia, como conhecimentos de base. A capacidade de expressão é algo essencial à condição humana.
Mesmo com tamanhos problemas e desafios, o DAD é considerado um dos melhores cursos de Teatro do Brasil, formando grande parte dos profissionais da área no Rio Grande do Sul. Potencial esse que poderia ser melhor aproveitado caso houvesse mais investimentos. Para mudar essa situação, que sabemos que não é exclusiva do Teatro, é importante nos unirmos e exigirmos mais investimento na educação pública. Hoje, do ensino básico ao superior, é investido menos de 5% do PIB. Exigimos que a educação venha a ser prioridade. Por isso lutamos por 10% do PIB para Educação Pública já!

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