quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tese do Diretório Acadêmico de Fisioterapia.


            LUTAS NA ESEF

1.    REUNI e os 2 Novos Cursos no Campus
No segundo semestre de 2007 foi aprovada a adesão da UFRGS ao REUNI. O projeto apresentado pela Universidade previa o aumento de 34% das vagas, a redução da taxa de evasão para 10%, a ampliação das vagas na casa do estudante e das bolsas-permanência, a contratação de 410 professores e 360 servidores técnico-administrativos, num investimento que, ao final dos 5 anos de implantação do REUNI, seria de R$203 milhões.
Em 2009 o Campus Olímpico passou a abrigar, além dos cursos de Educação Física, dois novos cursos implementados em função do REUNI: Fisioterapia e Licenciatura em Dança. Deste modo a realidade da ESEF se configurou na entrada anual de 220 novos estudantes, totalizando 660 novos estudantes nos últimos três anos. Entretanto, essa expansão acelerada veio desacompanhada dos recursos necessários para uma formação digna e de qualidade.
Desde que o REUNI chegou à ESEF, nenhum metro quadrado foi construído, resultando na falta de salas – com aulas eventualmente sendo canceladas ou dadas ao ar livre – e de espaços necessários para a formação dos estudantes, como a Clínica de Fisioterapia e salas para o curso de Dança com estrutura e recursos apropriados. Além disso, espaços de convivência para os estudantes, incluindo a sede Diretório Acadêmico de Fisioterapia, continuam inexistentes.
Somente três anos depois da entrada dos dois novos cursos, destacando o fato de que o curso de Dança possui a maior parte de suas disciplinas ministradas no turno da noite, é que se inicia a janta no RU da ESEF, fato que só se deu através de luta e mobilização dos estudantes. Antes disso, a assistência estudantil mínima àqueles que precisavam freqüentar o campus no turno da noite não era garantida, pois a busca por refeição nos arredores da ESEF, além de prejudicar a permanência do estudante na Universidade, agrava a questão de falta de segurança já propiciada pela pouca iluminação noturna do Campus Olímpico.
Sabemos que essa realidade não é exclusiva da ESEF ou da nossa Universidade. A falta de estrutura e de qualidade se espalha pelas universidades de todo o Brasil. Com os cortes de verbas já anunciados ainda para este ano, incluindo 10% do financiamento da UFRGS, sabemos que a educação continua não sendo prioridade para os governos. O novo PNE, além de trazer mais ataques ao ensino público, reitera a promessa dos 7% do PIB para a educação, que não foram cumpridos nos últimos 10 anos, conforme o previsto pelo PNE passado. Não podemos esperar mais dez anos para continuarmos assistindo a universidade pública se tornar cada vez mais precária. Diante dos fatos, é essencial que lutemos pelo real investimento num ensino público, gratuito e de qualidade, dizendo não ao novo PNE do governo Dilma e exigindo 10% d o PIB para a educação.

2.    RU NA ESEF JÁ!
A Assistência Estudantil é essencial para a permanência dos estudantes na Universidade. É nesse sentido que teve início no primeiro semestre de 2006 a Campanha RU na ESEF JÁ!.
Conforme as pesquisas realizadas pelo DAEFi, havia a necessidade de em média 250 refeições diárias no Campus Olímpico e desde a década de 80 se apontavam iniciativas dos estudantes para essa reivindicação. Foram organizados 5 atos-almoço e reuniões ampliadas, decidindo-se coletivamente os rumos da campanha. A campanha também foi pautada no II Congresso de Estudantes da UFRGS onde contamos com o apoio do DCE e de outros estudantes da Universidade.
No dia 13 de setembro de 2006 cerca de 300 estudantes da ESEF, em conjunto com outros estudantes da UFRGS ocuparam a Reitoria, reivindicando a construção imediata do RU na ESEF. Ao som da Banda Talibã, composta por estudantes de Educação Física, o então Reitor José Carlos Hennemann assinou o termo de comprometimento com a abertura do RU no campus Olímpico.
Houve ainda mais um grande ato no dia 29 de setembro quando se votaria no Conselho Universitário (CONSUN) a construção do nosso RU. O conselho foi ocupado, gerando repressão por parte da Universidade e mesmo assim, com muita luta, conseguiu-se formar uma comissão, composta por DAEFi, DCE, Secretaria de Assuntos Estudantis, Reitoria, e a Superintendência de Infra Estrutura para acompanhar o andamento das licitações e projetos.
No segundo semestre de 2007 – um momento de ocupações de reitorias no país inteiro iniciado pelos estudantes na USP – a pauta foi unificada à de outros cursos da UFRGS e junto ao DCE, ocupou-se a reitoria. Um grande marco na história do Movimento Estudantil gaúcho, pois após várias promessas por parte do reitor, e muitos prazos não cumpridos, a ocupação garantiu a abertura imediata das licitações para as obras do RU.
Em junho de 2008, mesmo com o prédio do RU pronto, ainda não havia respostas sobre sua inauguração. Vários prazos pra abertura já haviam vencido, e não se via nenhuma movimentação por parte da reitoria.  Então no dia 3 de novembro o Reitor em visita a ESEF deparou-se com outro ato-almoço onde foi cobrado por muitos estudantes e se comprometeu com a inauguração do RU no dia 13 de novembro.

3.    E a JANTA...
Após três anos da conquista do RU na ESEF, e com mais dois cursos novos no Campus, a necessidade do RU servir Janta foi aumentando. O DAEFi então começou a organizar atos-janta, reiterando essa demanda.
A Campanha da Janta pelo RU da ESEF só tomou mesmo corpo no Luau de encerramento das Semanas Acadêmicas de Educação Física e Dança e de Fisioterapia no dia 26 de maio de 2011, onde conseguimos, DAEFi e DAFISIO, inaugurar a Campanha Janta no RU da ESEF JÁ!. Contamos com o apoio do DCE e conseguimos fazer camisetas e adesivos para divulgarmos e ampliarmos a campanha. Nas passadas em sala os estudantes esperavam ansiosos por respostas sobre a abertura do RU à noite.
No dia 22 de agosto de 2011 recebemos a notícia via informativo de email que seria inaugurada a Janta no RU da ESEF. Organizamo-nos juntamente com o DCE para fazermos intervenções e mobilizar o maior número de estudantes para a abertura.
            No primeiro semestre de 2011 tivemos essa grande vitória, a conquista da JANTA no RU da ESEF. Reivindicamos essa como mais uma vitória do Movimento Estudantil que luta por garantir uma Universidade Pública e de Qualidade!

4.    Educação Física é uma só! Formação Unificada já!
Em 2004 foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Educação Física. O processo de formulação dessas diretrizes se deu de forma apressada não respeitando o diálogo com todas as entidades e segmentos que participavam do debate. Nestas Diretrizes estava presente um dos maiores equívocos da área: a fragmentação do curso em bacharelado e licenciatura – aplicada na ESEF já no vestibular de 2005 sem nenhum debate com a comunidade acadêmica. Após a aprovação dessas Diretrizes dividiram o curso pelo restante do país, por entenderem que essa divisão era obrigatória.
Neste mesmo ano, no XXV Encontro Nacional dos Estudantes de Educação Física (ENEEF) em Brasília, os estudantes, em protesto, ocuparam o Conselho Nacional de Educação solicitando a revogação das atuais DCN. A partir deste momento, o Movimento Estudantil de Educação Física (MEEF) passou a pautar em seus encontros a formação como tema em destaque, problematizando a divisão do curso além de denunciar as ingerências do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) que coloca que o licenciado só poderia atuar dentro da escola, mesmo que esta informação seja falsa.
Com a necessidade de um debate mais aprofundando nas escolas, o MEEF pautou no XXX ENEEF a Campanha ‘EDUCAÇÃO FÍSICA É UMA SÓ! FORMAÇÃO UNIFICADA JÁ!’, que esclareceu as escolas sobre as irregularidades da divisão e desse modo iniciou a discussão sobre a formação unificada em diversas universidades do país.
Na ESEF/UFRGS as discussões sobre currículo iniciaram desde a divisão do curso. As contradições só aumentaram: eram os mesmo professores, os mesmos colegas, e a diferença entre os currículos era pouco mais que dez disciplinas. Então o DAEFi começou a problematizar a questão em suas semanas acadêmicas, junto aos estudantes. Em 2009 iníciaram-se os estudos e debates mais aprofundados de currículo. Formou-se uma Comissão de Reestruturação Curricular (CRC) com representantes do Núcleo de Avaliação de Unidade (NAU), COMGRAD, DAEFi e Direção.
A partir do acúmulo de debate do MEEF, o DAEFi construiu uma proposta de formação para o currículo da ESEF que pauta a Licenciatura Ampliada. Essa proposta foi construída após inúmeras reuniões no Grupo de Trabalho Curricular, na época da CRC, e também através dos Grupos de Estudos sobre Currículo realizado pelo Diretório Acadêmico.
Infelizmente hoje a proposta que entrará no vestibular de 2012 não traz nenhum dos debates acumulados na CRC e nem teve participação dos estudantes.

5.    Campanha pela Paridade
Em agosto de 2010, no retorno do período de férias e dos Encontros Nacionais de Estudantes, os estudantes receberam a notícia de que a Comissão de Reestruturação do Curricular do Curso de Educação Física seria desfeita e uma nova comissão seria formada para materializar as discussões feitas até o momento. Esta nova comissão, proposta pela direção da ESEF, seria composta por 3 professores e um estudante, desrespeitando todo o processo da construção coletiva anterior.
No dia 1º de setembro a direção lançou uma portaria destituindo a 1ª Comissão de Reestruturação Curricular para a criação da nova comissão composta somente por professores, pois com as negociações esgotadas e por entender os estudantes não teriam poder de decisão neste processo, o DAEFi se retirou. Após esse golpe por parte da direção, o DAEFi iniciou dentro do Campus uma Campanha pela Paridade!, mais tarde aderida pelo DAFISIO, que apesar de reconhecido pelo Conselho da Unidade, não possui espaço para representação no mesmo.
Foram então espalhados cartazes pela ESEF com a frase “O Estudante não é Palhaço!”, denunciando aos estudantes e à comunidade acadêmica a atitude da Direção. Foi escrito pelo DAEFi um Manifesto pela Paridade que contou com inúmeras assinaturas de Centros e Diretórios Acadêmicos, coletivos e entidades do Movimento Estudantil. Esse manifesto foi censurado pela Direção, sendo proibido seu envio aos estudantes através das COMGRADs. Cópias do manifesto foram coladas pelas paredes do campus, o que gerou mais repressão da direção que censurou os materiais.
Atualmente encampamos a Campanha pela Paridade na UFRGS conjuntamente com GTUP, DCE, DA’s e CA’s da Universidade. Acreditamos que a manutenção da atual configuração 70/15/15 são reflexos de práticas elitistas que por muito tempo podaram a participação de mulheres, negros, índios, pobres e analfabetos dos processos de decisão do país. Defendemos a participação de toda a comunidade universitária e a democracia nas Instituições de Ensino Superior. A paridade é o primeiro passo rumo à democracia na Universidade e por isso repudiamos todo e qualquer tipo de simbolismo nas decisões, tal como representa o 70% dos votos aos professores, 15% técnicos e 15% alunos.

SEM LUTA NÃO HÁ CONQUISTA!
            As vitórias no Campus Olímpico, como a construção do RU na ESEF assim como a conquista da Janta no RU, nos dão a certeza de que os estudantes organizados e o movimento estudantil de luta são capazes de alcançar conquistas que vão contra os interesses do capital.
            Cabe ressaltar, que nenhuma conquista se dá ao acaso, é necessário organização e unidade para fortalecer as lutas e nos preparar pros próximos ataques à educação e aos nossos direitos enquanto estudantes. Para isso, torna-se essencial que estejamos unidos para dar combate! Precisamos de mais interação entre DA's, CA’s e DCE, entre os estudantes da Universidade e de outras universidades que vivem a mesma realidade de precarização do ensino.
Os 10% do PIB pra educação não pode mais ser um sonho, tem que ser realidade! E se os estudantes querem uma universidade pública de qualidade, precisam estar unidos e preparados para enfrentar direções, reitorias, governos, e tudo que possa vir pela frente. Já alcançamos muito, e podemos muito mais!

DIRETÓRIO ACADÊMICO DE FISIOTERAPIA (DAFISIO)

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