quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tese do Diretório Central dos Estudantes

UFRGS Pública e Popular

“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu?
Aqui está presente o movimento estudantil!”

            O Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, Gestão 2010/2011 “UFRGS Pública e Popular”, apresenta sua contribuição ao 5º Congresso de Estudantes da UFRGS, batizado de 5º CONEUFRGS.
            Aqui expressamos análises, avaliações e opiniões de uma gestão plural, aberta e democrática. Tivemos durante todo o ano de 2011 um difícil trabalho de reconstrução da entidade e retomada da ampla rede do movimento estudantil local e nacional, a partir do DCE.
            A realização deste 5º Congresso não é somente a realização de um compromisso de nossa campanha, mas representa a grandeza e a força dos estudantes da UFRGS. Após uma gestão desastrosa de uma gestão que vinculou o DCE aos piores interesses partidários do Rio Grande do Sul, a saber PP-PMDB-PSDB, os estudantes da UFRGS reconquistaram o DCE.
            É hora de um novo passo à frente.

2011: nada foi como antes


“Ontem éramos tunisianos,
Hoje somos egípcios,
Amanhã seremos todos livres!”
Cartaz na praça Tahir – Egito

            Estamos encerrando um ano com grandes novidades. No mundo, poderosas Revoluções Democráticas geraram a Primavera Árabe. Primeiro Tunísia, depois Egito, agora Líbia. Três países mudaram seus regimes políticos, derrubando ditaduras de décadas. Os jovens e os estudantes estiveram entre os protagonistas destas ações. Os jovens do norte da África e do Oriente Médio romperam as disputas militares e diplomáticas. Dentro de Israel, por duas oportunidades 400 mil pessoas estiveram mobilizadas contra a inflação no valor dos aluguéis e do custo de vida. Ao jornal El País da Espanha, os indignados israelenses apontam as revoluções do mundo árabe como “um alento”, um exemplo para melhorar suas vidas.
            A juventude europeia é também a mais atingida pelos planos de austeridade fiscal apresentados pelos governo da Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha. E foi neste último país que se construiu a primeira plataforma comum para uma verdadeira ação global. A juventude indignada conclama por Democracia Real Já. Assim como os árabes, ocuparam as praças e já não querem mais do mesmo.
            No Chile, a juventude secundarista e universitária emparedou o governo Piñera e o modelo educacional criado por Pinochet. São 4 meses de ocupações escolas e universidades, passeatas e concentrações multitudinárias. Reivindicam educação pública e gratuita. Nos dias 24 e 25 de agosto uma greve geral dos trabalhadores do Chile levou a disputa a outro patamar. A repressão policial agrediu milhares de pessoas e assassinou o adolescente de 16 anos Manuel Gutiérrez.

Dilma lá, mobilizações aqui!

“Não há mal que não se mude
Não há doença sem cura”
Gabriel, o Pensador

                Dilma começou o governo com a tesoura afiada. O corte de R$ 50 bilhões atingiu em R$ 3 bilhões a Educação. Somado a isso vemos o esgotamento do REUNI, o projeto de expansão das Universidades Federais. Este programa garantiu boas estatísticas eleitorais, porém criou muitos cursos sem professores e funcionários suficientes, com ausência de assistência estudantil – como Casa de Estudante, RUs e bolsas de auxílio.
            Enquanto o dinheiro da educação foi cortado, os cofres públicos seguiram sangrando. Palocci e mais dois ministros caíram por envolvimento em esquemas de corrupção e tráfico de influência. O ex-Ministro Chefe da Casa Civil enriqueceu mais de 20 vezes em apenas 4 anos. Ao mesmo tempo em que Dilma tirou R$ 9 bilhões do Ministério das Cidades, o responsável pela prevenção das tragédias que abalaram o país em 2009/2010/2011, em Angra dos Reis, Niterói e na Região Serrana do Rio de Janeiro. Foram milhares de mortos pela precariedade de moradia e pelo descaso do poder público.
            As mobilizações cresceram muito também no Brasil em 2011. Começou com os trabalhadores das obras do PAC em Jirau, Rondônia, submetidos a condições sub-humanos de trabalho. Seguiu com a grande mobilização dos Bombeiros do Rio por melhores salários que abalou o governo Cabral. Chegou com toda força as Universidades Públicas, com dezenas de Universidades mobilizadas contra os nefastos efeitos do REUNI, na luta pela expansão com qualidade e infraestrutura, exigindo maiores investimentos na educação pública, levantando a bandeira da defesa dos 10% do PIB para Educação.
            Mais de 20 estados tiveram greve de professores estaduais por melhorias salariais. Infelizmente os governos estaduais e federais preferiram aumentar seus próprios vencimentos. Os deputados federais e estaduais aumentaram seus salários e o do poder executivo entre 60% e 140%, já o salário-mínimo subiu apenas 5%. Aqui no Estado temos um governo que não foge à regra e tem retirado direitos dos trabalhadores, retirando direitos com o famoso “Pacotarso”, e a população ao não investir o mínimo previsto em lei na educação e se negar a pagar o Piso Salarial Nacional dos professores. 
           
Do que a UFRGS precisa?

            A UFRGS orgulha-se de ser uma das melhores Universidades brasileiras. Esse dado só pode ser obtido por conta também de seus técnicos e estudantes, muito mobilizados em defesa da Universidade. Nos últimos anos atingimos um grande patamar de conquistas, tendo como maior símbolo a construção do RU da ESEF. Entretanto, a expansão da UFRGS, apesar de tímida, já produz seus resultados.
            As longas filas dos RUs, o insuficiente valor da bolsa SAE, a escassez de livros nas bibliotecas e até a falta de suco no RU mostram que muita coisa não está no caminho certo. Ainda temos muitos professores-fantasma, aqueles que recebem e não dão aula, um grande déficit de funcionários que são cada vez mais substituídos por terceirizados e mestrando/doutorando dando aula ao invés de professores efetivos.
            A gestão da Universidade está cada vez mais centralizada. A Reitoria espalha sorrisos pela frente e punhaladas pelas costas. Negaram-se a atender nossas demandas. Restringiram o uso dos espaços da Universidade para os eventos do DCE e dos CAs/DAs. Tentaram criminalizar o movimento estudantil processando três membros do DCE pela festa-ocupação realizada em abril por mil estudantes no Campus Centro.
            A Reitoria ainda tenta atropelar a autonomia do movimento estudantil financiando seus aliados. Deram atenção especial, sala com telefone e computador para um grupo de estudantes que se autointitulam representantes, entretanto não foram eleitos por ninguém.
            Até quando a Reitoria vai tentar controlar o movimento estudantil? Reafirmamos a autonomia do DCE e de suas instâncias.
            Acreditamos que é hora do movimento estudantil se unir no 5º Congresso para apresentar um ano antes das eleições para Reitor a campanha pela Paridade nas eleições. Queremos que o voto do estudante e do técnico valha o mesmo que o dos professores. 1/3 de representatividade para cada segmento, nem mais nem menos. Precisamos acabar com este entulho autoritário que representa o 70/15/15, em que os professores mandam em tudo, os estudantes e os técnicos apenas observam.
           
DCE maior e melhor

            Tocamos inúmeras pautas ao longo de 2011. “Bolsas SAE 450,00 Já” foi nossa primeira campanha do ano. No fim do primeiro semestre apresentamos à Reitoria nossa campanha “Mais Segurança, Mais Infraestrutura”. Infelizmente nenhuma medida concreta foi apresentada pela administração central.
            Organizamos reuniões periódicas com os Centros e Diretórios Acadêmicos sobre as pautas da UFRGS. O Conselho das Entidades de Base, órgão que reúne CAs/DAs foi respeitado e ouvido. Dois jornais foram impressos e distribuídos. Promovemos duas Calouradas para receber os bixos de Março e de Agosto: com Manual de Sobrevivência, debates, palestras, Trote Solidário em parceria com o Clínicas e duas grandes festas, sendo a última com grande show do Tonho Crocco.
            Ainda no primeiro semestre foi realizado o 1º Encontro de Negras e Negros da UFRGS, momento de grande importância para o fortalecimento e ampliação das políticas afirmativas na universidade.
            A integração dos colegas é uma marca da gestão 2011. Várias festas agitaram o DCE do Centro e juntaram centenas de colegas de todos os cursos.
           No final do primeiro semestre construímos com diversos CAs/DAs a tiragem de delegados para o Congresso da UNE, com participação de quase 3 mil estudantes, enviamos observadores ao  Congresso da ANEL e vários membros do DCE construíram dos encontros de cursos que rolaram em todo Brasil. Essa é uma marca dessa gestão, a pluralidade.
            Realizamos duas manifestações de rua junto com o movimento estudantil de Porto Alegre. Em março fomos recebidos pelo Governo do RS para levar as pautas dos estudantes gaúchos. Em agosto, fomos até o Consulado Chileno demonstrar nosso apoio aos colegas do Chile e exigir o fim da repressão.
            Apoiamos a justa greve dos técnicos por melhorias de trabalho, melhores salários, valorização profissional e contra as medidas do governo que querem congelar os salários por 10 anos e privatizar a gestão dos Hospitais Universitários.
            Para terminar o ano, o 5º Congresso de Estudantes da UFRGS. Antes disso ainda teremos os Jogos Sedentários – campeonato de sinuca, pebolim, truco e xadrez, bem como a Copa DCE de Futsal. Também teremos a realização do IV Encontro de Mulheres da UFRGS e continuaremos a campanha “Cadê o Suco no RU” que já juntou mais de 700 assinaturas por melhorias na assistência estudantil.
           
Há muito pela frente

            Existem muitos desafios neste 5º Congresso. Como conquistar novamente nossas pautas? Como organizar o movimento estudantil nos novos cursos? Como unir todos e todas pela defesa da UFRGS Pública e Popular? Qual a plataforma que o DCE deve assumir para o próximo período?
            A resposta para essas perguntas estarão neste 5º Congresso. Elas serão necessariamente respondidas pelos estudantes da UFRGS. Chegou a nossa vez!


Porto Alegre, 14 de setembro de 2011

Diretório Central dos Estudantes
UFRGS Pública e Popular

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