quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Índice das Teses


Tese do Diretório Central dos Estudantes

DCE 

Teses dos Centros e Diretórios Acadêmicos

CEL
Daeca
CABAM
DAEFI
DAFISIO

DAFE
Coletivo LGBT

Teses dos coletivos de estudantes

Chegou a hora da Juventude Brasileira- contribuição da ANEL

Tese do Diretório Central dos Estudantes

UFRGS Pública e Popular

“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu?
Aqui está presente o movimento estudantil!”

            O Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, Gestão 2010/2011 “UFRGS Pública e Popular”, apresenta sua contribuição ao 5º Congresso de Estudantes da UFRGS, batizado de 5º CONEUFRGS.
            Aqui expressamos análises, avaliações e opiniões de uma gestão plural, aberta e democrática. Tivemos durante todo o ano de 2011 um difícil trabalho de reconstrução da entidade e retomada da ampla rede do movimento estudantil local e nacional, a partir do DCE.
            A realização deste 5º Congresso não é somente a realização de um compromisso de nossa campanha, mas representa a grandeza e a força dos estudantes da UFRGS. Após uma gestão desastrosa de uma gestão que vinculou o DCE aos piores interesses partidários do Rio Grande do Sul, a saber PP-PMDB-PSDB, os estudantes da UFRGS reconquistaram o DCE.
            É hora de um novo passo à frente.

2011: nada foi como antes


“Ontem éramos tunisianos,
Hoje somos egípcios,
Amanhã seremos todos livres!”
Cartaz na praça Tahir – Egito

            Estamos encerrando um ano com grandes novidades. No mundo, poderosas Revoluções Democráticas geraram a Primavera Árabe. Primeiro Tunísia, depois Egito, agora Líbia. Três países mudaram seus regimes políticos, derrubando ditaduras de décadas. Os jovens e os estudantes estiveram entre os protagonistas destas ações. Os jovens do norte da África e do Oriente Médio romperam as disputas militares e diplomáticas. Dentro de Israel, por duas oportunidades 400 mil pessoas estiveram mobilizadas contra a inflação no valor dos aluguéis e do custo de vida. Ao jornal El País da Espanha, os indignados israelenses apontam as revoluções do mundo árabe como “um alento”, um exemplo para melhorar suas vidas.
            A juventude europeia é também a mais atingida pelos planos de austeridade fiscal apresentados pelos governo da Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha. E foi neste último país que se construiu a primeira plataforma comum para uma verdadeira ação global. A juventude indignada conclama por Democracia Real Já. Assim como os árabes, ocuparam as praças e já não querem mais do mesmo.
            No Chile, a juventude secundarista e universitária emparedou o governo Piñera e o modelo educacional criado por Pinochet. São 4 meses de ocupações escolas e universidades, passeatas e concentrações multitudinárias. Reivindicam educação pública e gratuita. Nos dias 24 e 25 de agosto uma greve geral dos trabalhadores do Chile levou a disputa a outro patamar. A repressão policial agrediu milhares de pessoas e assassinou o adolescente de 16 anos Manuel Gutiérrez.

Dilma lá, mobilizações aqui!

“Não há mal que não se mude
Não há doença sem cura”
Gabriel, o Pensador

                Dilma começou o governo com a tesoura afiada. O corte de R$ 50 bilhões atingiu em R$ 3 bilhões a Educação. Somado a isso vemos o esgotamento do REUNI, o projeto de expansão das Universidades Federais. Este programa garantiu boas estatísticas eleitorais, porém criou muitos cursos sem professores e funcionários suficientes, com ausência de assistência estudantil – como Casa de Estudante, RUs e bolsas de auxílio.
            Enquanto o dinheiro da educação foi cortado, os cofres públicos seguiram sangrando. Palocci e mais dois ministros caíram por envolvimento em esquemas de corrupção e tráfico de influência. O ex-Ministro Chefe da Casa Civil enriqueceu mais de 20 vezes em apenas 4 anos. Ao mesmo tempo em que Dilma tirou R$ 9 bilhões do Ministério das Cidades, o responsável pela prevenção das tragédias que abalaram o país em 2009/2010/2011, em Angra dos Reis, Niterói e na Região Serrana do Rio de Janeiro. Foram milhares de mortos pela precariedade de moradia e pelo descaso do poder público.
            As mobilizações cresceram muito também no Brasil em 2011. Começou com os trabalhadores das obras do PAC em Jirau, Rondônia, submetidos a condições sub-humanos de trabalho. Seguiu com a grande mobilização dos Bombeiros do Rio por melhores salários que abalou o governo Cabral. Chegou com toda força as Universidades Públicas, com dezenas de Universidades mobilizadas contra os nefastos efeitos do REUNI, na luta pela expansão com qualidade e infraestrutura, exigindo maiores investimentos na educação pública, levantando a bandeira da defesa dos 10% do PIB para Educação.
            Mais de 20 estados tiveram greve de professores estaduais por melhorias salariais. Infelizmente os governos estaduais e federais preferiram aumentar seus próprios vencimentos. Os deputados federais e estaduais aumentaram seus salários e o do poder executivo entre 60% e 140%, já o salário-mínimo subiu apenas 5%. Aqui no Estado temos um governo que não foge à regra e tem retirado direitos dos trabalhadores, retirando direitos com o famoso “Pacotarso”, e a população ao não investir o mínimo previsto em lei na educação e se negar a pagar o Piso Salarial Nacional dos professores. 
           
Do que a UFRGS precisa?

            A UFRGS orgulha-se de ser uma das melhores Universidades brasileiras. Esse dado só pode ser obtido por conta também de seus técnicos e estudantes, muito mobilizados em defesa da Universidade. Nos últimos anos atingimos um grande patamar de conquistas, tendo como maior símbolo a construção do RU da ESEF. Entretanto, a expansão da UFRGS, apesar de tímida, já produz seus resultados.
            As longas filas dos RUs, o insuficiente valor da bolsa SAE, a escassez de livros nas bibliotecas e até a falta de suco no RU mostram que muita coisa não está no caminho certo. Ainda temos muitos professores-fantasma, aqueles que recebem e não dão aula, um grande déficit de funcionários que são cada vez mais substituídos por terceirizados e mestrando/doutorando dando aula ao invés de professores efetivos.
            A gestão da Universidade está cada vez mais centralizada. A Reitoria espalha sorrisos pela frente e punhaladas pelas costas. Negaram-se a atender nossas demandas. Restringiram o uso dos espaços da Universidade para os eventos do DCE e dos CAs/DAs. Tentaram criminalizar o movimento estudantil processando três membros do DCE pela festa-ocupação realizada em abril por mil estudantes no Campus Centro.
            A Reitoria ainda tenta atropelar a autonomia do movimento estudantil financiando seus aliados. Deram atenção especial, sala com telefone e computador para um grupo de estudantes que se autointitulam representantes, entretanto não foram eleitos por ninguém.
            Até quando a Reitoria vai tentar controlar o movimento estudantil? Reafirmamos a autonomia do DCE e de suas instâncias.
            Acreditamos que é hora do movimento estudantil se unir no 5º Congresso para apresentar um ano antes das eleições para Reitor a campanha pela Paridade nas eleições. Queremos que o voto do estudante e do técnico valha o mesmo que o dos professores. 1/3 de representatividade para cada segmento, nem mais nem menos. Precisamos acabar com este entulho autoritário que representa o 70/15/15, em que os professores mandam em tudo, os estudantes e os técnicos apenas observam.
           
DCE maior e melhor

            Tocamos inúmeras pautas ao longo de 2011. “Bolsas SAE 450,00 Já” foi nossa primeira campanha do ano. No fim do primeiro semestre apresentamos à Reitoria nossa campanha “Mais Segurança, Mais Infraestrutura”. Infelizmente nenhuma medida concreta foi apresentada pela administração central.
            Organizamos reuniões periódicas com os Centros e Diretórios Acadêmicos sobre as pautas da UFRGS. O Conselho das Entidades de Base, órgão que reúne CAs/DAs foi respeitado e ouvido. Dois jornais foram impressos e distribuídos. Promovemos duas Calouradas para receber os bixos de Março e de Agosto: com Manual de Sobrevivência, debates, palestras, Trote Solidário em parceria com o Clínicas e duas grandes festas, sendo a última com grande show do Tonho Crocco.
            Ainda no primeiro semestre foi realizado o 1º Encontro de Negras e Negros da UFRGS, momento de grande importância para o fortalecimento e ampliação das políticas afirmativas na universidade.
            A integração dos colegas é uma marca da gestão 2011. Várias festas agitaram o DCE do Centro e juntaram centenas de colegas de todos os cursos.
           No final do primeiro semestre construímos com diversos CAs/DAs a tiragem de delegados para o Congresso da UNE, com participação de quase 3 mil estudantes, enviamos observadores ao  Congresso da ANEL e vários membros do DCE construíram dos encontros de cursos que rolaram em todo Brasil. Essa é uma marca dessa gestão, a pluralidade.
            Realizamos duas manifestações de rua junto com o movimento estudantil de Porto Alegre. Em março fomos recebidos pelo Governo do RS para levar as pautas dos estudantes gaúchos. Em agosto, fomos até o Consulado Chileno demonstrar nosso apoio aos colegas do Chile e exigir o fim da repressão.
            Apoiamos a justa greve dos técnicos por melhorias de trabalho, melhores salários, valorização profissional e contra as medidas do governo que querem congelar os salários por 10 anos e privatizar a gestão dos Hospitais Universitários.
            Para terminar o ano, o 5º Congresso de Estudantes da UFRGS. Antes disso ainda teremos os Jogos Sedentários – campeonato de sinuca, pebolim, truco e xadrez, bem como a Copa DCE de Futsal. Também teremos a realização do IV Encontro de Mulheres da UFRGS e continuaremos a campanha “Cadê o Suco no RU” que já juntou mais de 700 assinaturas por melhorias na assistência estudantil.
           
Há muito pela frente

            Existem muitos desafios neste 5º Congresso. Como conquistar novamente nossas pautas? Como organizar o movimento estudantil nos novos cursos? Como unir todos e todas pela defesa da UFRGS Pública e Popular? Qual a plataforma que o DCE deve assumir para o próximo período?
            A resposta para essas perguntas estarão neste 5º Congresso. Elas serão necessariamente respondidas pelos estudantes da UFRGS. Chegou a nossa vez!


Porto Alegre, 14 de setembro de 2011

Diretório Central dos Estudantes
UFRGS Pública e Popular

Tese do TEATRO - DAD UFRGS

O Departamento de Arte Dramática - DAD num estado dramático:


Nós, estudantes de Teatro, durante nossa formação fazemos verdadeiros milagres para alcançar qualidade em nossos trabalhos a partir de condições mínimas. Trabalhamos com uma rede elétrica do século passado e que muitas vezes não suporta os poucos equipamentos de iluminação que possuímos, além de salas úmidas e com infiltrações que já causaram curtos-circuitos e colocam nossas vidas em risco todos os dias. Cada vez mais alunos são colocados inchando as turmas, cada vez mais o departamento é deixado de lado pela Reitoria.
Se nosso Reitor observasse com um pouco de atenção nosso departamento, encontraria a seguinte situação: para disciplinas da cenografia não temos o material básico necessário nem o espaço adequado para acomodar nossos cenários; disciplina de iluminação com poucos equipamentos de luz para o número de alunos; aulas de expressão corporal (para as quais é necessário muito espaço) com 45 alunos para salas que não comportariam nem a metade, além disso, a quantidade se salas disponíveis para ensaio não atende a demanda da nossa produção anual de espetáculos.
Fomos questionados recentemente pelo Ministério da Educação pelo motivo de formarmos em média apenas três diretores por ano, apesar de termos uma graduação exclusiva para a Direção Teatral. A resposta é bem simples: há apenas três salas para estes ensaiarem que devem ser divididas com outras montagens de trabalhos de conclusão de semestre – os diretores que não tem espaço entram numa fila de espera para poderem se formar.
Para quem ainda não sabe, há, sim, em nossos cursos de Direção, Interpretação e Licenciatura, muito que estudar e pesquisar em teoria e prática, mas temos poucos livros da área de Teatro na biblioteca do Instituto de Artes. Os livros que fazem parte das leituras obrigatórias das disciplinas nem sempre existem ou estão desatualizados. No caso dos livros mais novos, só existe um exemplar para todos os alunos. Exigimos uma biblioteca completa e atualizada com livros suficientes para todos os estudantes.
Muitas vezes somos obrigados a tirar dinheiro de nossos próprios bolsos para construir nossas montagens. Montagens essas que vem recebendo prêmios em importantes festivais e crescente aclamação do público gaúcho, porém não são valorizadas e nem mesmo divulgadas em nossa universidade, que ainda enxerga a arte como um sub-conhecimento.
Outro grande problema é a questão de espaço para apresentações, para isso exigimos que espaços de auditórios de outros cursos, contribuindo para descentralizar a arte produzida na UFRGS. Também possuímos um excelente Salão de Atos que deveria ser um espaço disponível à comunidade universitária, mas o que vemos a anos é este espaço alugado para eventos privados que nada tem de acadêmicos, ou seja, a UFRGS promove espetáculos de outros mas marginaliza o que é produzido por seus estudantes. Além disso, perguntamos: para onde vai o dinheiro do aluguel do Salão de Atos?   Exigimos direito a este espaço pelo menos duas temporadas ao ano, temporadas essas que devem ser patrocinadas pela universidade.
Lutamos também pela obrigatoriedade do oferecimento do ensino de Teatro em todas as escolas brasileiras com profissionais formados na área, pois acreditamos na contribuição dos nossos conhecimentos específicos na humanização da educação e da sociedade. A valorização do ensino de Teatro depende da valorização da formação de professores e do reconhecimento da arte, assim como a linguagem e a filosofia, como conhecimentos de base. A capacidade de expressão é algo essencial à condição humana.
Mesmo com tamanhos problemas e desafios, o DAD é considerado um dos melhores cursos de Teatro do Brasil, formando grande parte dos profissionais da área no Rio Grande do Sul. Potencial esse que poderia ser melhor aproveitado caso houvesse mais investimentos. Para mudar essa situação, que sabemos que não é exclusiva do Teatro, é importante nos unirmos e exigirmos mais investimento na educação pública. Hoje, do ensino básico ao superior, é investido menos de 5% do PIB. Exigimos que a educação venha a ser prioridade. Por isso lutamos por 10% do PIB para Educação Pública já!

Tese do Centro de Estudantes de Letras o CEUfrgs

A Letras como ela é

            Sabe aqueles textos que te causam uma sensação de identificação com as personagens? Que parecem ter sido escritos por alguém que te conhece muito bem, que sabe o que se passa na tua vida? Afirmamos, este com certeza é um desses! E de fato foi escrito por quem conhece a tua realidade. Com personagens fictícios, mas baseado em uma história real, que é a nossa, esta é a tese do curso de Letras para o V Congresso de Estudantes da UFRGS, queremos convidá-l@ a realizar uma prazerosa leitura para além das disciplinas do nosso curso. Aqui temos uma analogia entre a ficção e a vida social, que esperamos ser capaz de colocar na ordem do dia a possibilidade do estudante de Letras mudar o curso dos acontecimentos. Boa leitura!

A biblioteca de Capitulina
            Capitulina é estudante de Letras, entrou na UFRGS no semestre passado. Desde então, gasta mais de 10 reais por semana em xerox. Sempre que é possível, utiliza a biblioteca, mas geralmente não consegue os livros básicos requisitados pelos professores para turmas de mais de 40 alunos. Quando precisa fazer trabalho em grupo, não encontra espaço na biblioteca do Vale, pois as salas sempre estão ocupadas; assim, precisa encontrar horários alternativos. Mas a biblioteca não abre à noite, e Capitulina trabalha à tarde...
            Esses são nossos problemas quanto à biblioteca: o acervo não é suficiente, o espaço físico não dá conta da demanda, e não sabemos quem de fato requisita as obras adquiridas, muito menos quanto é a verba destinada à biblioteca e como ela é aplicada.
            Na última reunião com a reitoria, foi apresentado um projeto de biblioteca única do Campus do Vale, o qual será desenvolvido pelo diretor do IFCH e pela diretora da Letras. Mas de concreto, não tivemos resposta alguma: nem prazo, nem projeto, nem levantamento de dados com alunos, técnicos e professores sobre o que esses querem para suas bibliotecas. Quem vai decidir tudo isso? Sem prazo, nem verba garantida, quando veremos essa biblioteca ser construída?

Peri e acessibilidade
            Peri é deficiente físico e enfrentou dificuldades pra se locomover desde a pré-escola. Hoje, está na UFRGS, onde continua enfrentando os mesmo problemas: não há elevadores, portas, banheiros adequados, nem rampas para os cadeirantes. E as dificuldades de quem tem necessidades especiais, não para por aí: não há quadros brancos para os portadores de daltonismo nem pisos táteis para os estudantes com deficiência visual mais severa.
            Nós acreditamos que não se pode deixar de suprir as demandas desses estudantes, pois eles tem tanto direito quanto todos os outros de ter qualidade no seu aprendizado. Os estudantes com deficiência tem necessidades particulares que geralmente não são atendidas, o que compromete sua permanência na Universidade.
            Hoje, o Projeto Incluir, que é responsável por suprir as necessidades mais básicas dos estudantes com deficiência, tem pouca infraestrutura e pouco investimento, o que impede que seu trabalho alcance um desempenho satisfatório para todos os que necessitam dele.
            Você já se perguntou por que tão poucos estudantes com deficiência chegam a essa Universidade? Esses estudantes, além de terem dificuldades oriundas da própria deficiência, vêm majoritariamente das classes mais baixas, que são as que tem o acesso à saúde e à higiene mais precarizados. São esses mesmos estudantes que vivem o sucateamento da educação básica pública, que já os expulsa muitos anos antes do sistema de ensino. Por isso, defendemos a implementação de cotas para estudantes com deficiência, como já existe em outras universidades federais como a UFPR e a UFBA e estaduais como a UERGS.

Naziazeno e as bolsas administrativas
            Naziazeno faz o curso de licenciatura em Letras pela manhã e trabalha em uma secretaria da universidade atendendo o telefone e tirando cópias todas as tardes. Para deixar cadeiras para trás, para deixar de estudar e de produzir conhecimento, para não ter férias, e, sobretudo, para conseguir manter seus gastos com os estudos, Naziazeno recebe 360 reais.
            Um aluno de graduação trabalhando no lugar de um funcionário público é menos um emprego para a comunidade metropolitana. É um aluno com o rendimento comprometido, já que para ter uma bolsa SAE são necessárias 20 horas livres em sua semana e sabemos que isso significa cadeiras que ficaram para trás (pois a maioria dos cursos da universidade tem cadeiras em todos os turnos) e também muito estudo que deveria ser realizado fora da sala de aula.
            Aparentemente, um bolsista administrativo é uma aquisição vantajosa para a UFRGS, em decorrência de se ter alguém que faça praticamente a mesma função de um técnico administrativo, só que por um salário bem menor e sem direito a todos os benefícios que constam na lei, inclusive o de se afastar por doença? Mais do que trabalhar de forma mais barata por um técnico-administrativo, o bolsista não tem direito a recesso, nem mesmo nos períodos de menor atividade da universidade (entre semestres), também não tem direito de ter seu horário de trabalho reduzido no período de provas no final do semestre. Nessas condições, onde está a vantagem para a formação de um aluno de graduação?
            Esse problema está diretamente relacionado ao financiamento da universidade. Os cursos que recebem pouco dinheiro da instituição e nenhum dinheiro de fora (as licenciaturas em geral aí se incluem) contam com poucas pesquisas e ações de extensão; isso faz com que aqueles alunos que de fato precisam da bolsa permanência tenham de se reduzir a esse tipo de trabalho, que, em geral, são absolutamente alheios a sua formação acadêmica.
            Nós achamos que um aluno da UFRGS deve retribuir a sociedade que custeia seus estudos com outra forma de produção. Por isso, toda a bolsa deve ser de extensão ou de pesquisa, para propiciar uma produção que de fato esteja ligada a sua formação acadêmica, que de fato faça parte do processo de aquisição de conhecimento, e, sobretudo, que as ações de ensino, pesquisa e extensão sejam financiadas com verba pública e voltadas para a população – não para o mercado.

Ana Terra e o curso noturno
            Ana Terra gostaria de ser tradutora. No entanto, ela tem uma filhinha, e, para se manter, precisa trabalhar 8 horas por dia – afinal, a bolsa permanência não chega nem perto de suprir suas necessidades. Infelizmente, Ana Terra desistiu do curso. A carga horária e a inexistência da possibilidade de estudar no turno da noite contribuíram especialmente para isso.
           
Essa é a situação atual no curso de Letras: quem precisa trabalhar em empregos que tomam a maior parte do período diurno fica impossibilitados de cursar letras na UFRGS.
            Para implementar os cursos de licenciatura e de bacharelado em Letras na modalidade noturna, algumas mudanças no atual currículo seriam necessárias: em primeiro lugar o currículo noturno não poderia exigir mais do que 20 créditos obrigatórios por semestre. Na verdade, acreditamos que nem mesmo a modalidade diurna deva exigir uma carga horária maior do que essa.
            Outra mudança curricular essencial é a de que haja maior regularidade no sistema de avaliações das disciplinas. Até onde se sabe, fica a critério do professor da disciplina determinar o número de avaliações que serão realizadas no decorrer do semestre, assim, existem professores que realizam apenas uma avaliação final e outros que no decorrer do semestre realizam até cinco avaliações. Dessa forma, o aluno não sabe o que esperar das disciplinas até que já esteja matriculado e tenham iniciadas as aulas, nem  sempre recebendo de seu professor o conteúdo programático da disciplina.

Personagens que sofrem para além das letras
            As histórias de Capitulina, Peri, Naziazeno e Ana Terra estão parecendo ficção? Em realidade, é isso que enfrentam diariamente centenas de alunos da UFRGS e de outras universidades. No fundo, todos esses problemas são perpassados por duas questões que se evidenciam quando refletimos um pouco mais sobre eles: o financiamento da educação e a democracia nas decisões dentro das universidades.
            Nesse sentido, o espaço para dar nosso testemunho de como a falta de investimento na educação nos tem prejudicado e como pensamos ser urgente a mudança é fundamental. E só juntos e mobilizados é que essas mudanças acontecem! Queremos mais investimento na educação já!

*Por cursos noturnos

*Por cursos organizados em 20 créditos por semestre

*Pela elaboração de um projeto de biblioteca do Vale elaborado por estudantes, técnicos e professores de forma paritária

*Pela ampliação do acervo da biblioteca

*Por uma administração democrática da biblioteca

*Investimento em estrutura e apoio para todo tipo de necessidade especial

*Ampliação imediata do Projeto incluir

*Cotas para deficientes

*Por bolsas de ensino, pesquisa e extensão para todos os estudantes

*Que as bolsas administrativas sejam extintas, e se realizem concursos públicos para suprir a demanda de técnicos

*Por investimento público em projetos de ensino, pesquisa e extensão

* 10 % do PIB pra educação já: nós não podemos mais esperar
!

Centro de Estudantes de Letras – Gestão Cultura&Consciência

Tese do DAECA - Diretório Acadêmico de Estudantes de Economia, Contábeis e Atuariais

CONTRIBUIÇÃO DO DAECA
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE ESTUDANTES DE ECONOMIA, CONTÁBEIS E ATUARIAIS

            O Congresso de Estudantes da UFRGS é um importante espaço na Universidade para o debate político. Muitas vezes, nos adaptamos à rotina universitária e esquecemos que essa instituição não pode ficar limitada ao debate puramente acadêmico.
            O Diretório Acadêmico de Economia, Contábeis e Atuariais se insere na discussão trazendo uma breve contribuição dividida em três pontos: educação, universidade e democracia.

EDUCAÇÃO
           
O debate sobre educação, mesmo para um congresso de estudantes universitários, não pode estar restrito à Universidade. Sabemos que menos de 4% dos jovens tem a possibilidade de estudar numa universidade pública; se formos mais a fundo nessa análise, descobriremos que a grande maioria desses jovens são oriundos de escolas particulares. Conforme uma recente pesquisa realizada pela ANDIFES, apenas 43% dos estudantes das Universidades Federais são das classes C, D e E.  Fica evidente que há um grande problema com a educação brasileira. 
            Acompanhamos greves no setor da educação em diversos locais do país, denunciando a precariedade do ensino no Brasil e os baixos salários que são pagos aos professores. Justo aqueles que têm como tarefa “salvar o Brasil” são os que mais sofrem com a precarização da educação. Vale dizer, ainda, que a Constituição Brasileira garante no mínimo Ensino Fundamental fornecido pelo estado, colocando a educação como um direito fundamental de todo o cidadão.
            Porém, a realidade brasileira é constrangedora: segundo o PNAD 2009 cerca de 7% da população é analfabeta, e cerca de 20% - um quinto da população brasileira – é analfabeta funcional, ou seja, não consegue interpretar o que lê. O ensino público está sucateado. O professor não é valorizado e o estudante não tem todo o apoio que necessita. E esse quadro não é de hoje. Já em 1997, setores organizados ligados à educação formularam o Plano Nacional de Educação (PNE), elaborando um cuidadoso diagnóstico da situação da educação brasileira e indicando metas concretas para a real universalização da educação. O relatório apontou que seria necessária uma quantia de investimento público no montante de 10% do PIB; na época, o Congresso aprovou 7%. Esse percentual, entretanto, foi vetado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e também por Luís Inácio Lula da Silva. Hoje, o valor público investido em educação corresponde a menos de 5% do PIB.
            Todos observam a precariedade da educação, com salas superlotadas, falta de infraestrutura e salários baixos. Tais problemas exigem investimentos maiores por parte dos governos; porém, o problema da educação brasileira não está apenas na falta de investimentos. A educação deve servir para formar cidadãos críticos e não adestrá-los.
            O projeto para a educação brasileira para os próximos 10 anos está para ser aprovado. O novo PNE (com metas até 2020) coloca como plano de estado, e não mais de governo, todo o polêmico programa de educação tocado nos últimos 8 anos de governos de Frente Popular. Entram como políticas de Estado no novo PNE o REUNI, o PROUNI, o ENEM, entre outros, e define como meta de investimento público, até 2020, apenas uma quantia equivalente a 7% do PIB – já ineficaz há 10 anos atrás.
            Acreditamos que é possível mudar esse quadro. Devemos nos unir numa ampla campanha “Pelos 10% do PIB para Educação Pública Já!” e chamar um plebiscito nacional onde estudantes e trabalhadores possam escolher o destino do dinheiro público. Devemos exigir dos governantes que o dinheiro público seja destinado à educação pública de qualidade. Por isso, também é fundamental dizermos não ao PNE!

            UNIVERSIDADE

A Universidade construiu-se, ao longo da história, como a instituição onde o conhecimento é produzido e repassado, sem levar em conta outros tipos de saberes produzidos e se colocando como balizadora do conhecimento dito científico. Logo, esse conhecimento é limitado em suas bases, visando apenas à criação de tecnologia e qualificação da mão de obra assalariada, sem apresentar aspectos que contribuam com o desenvolvimento do estudante como cidadão crítico e atuante na sociedade. Muitos estudantes universitários, aqueles poucos que detiveram esse privilégio em um mundo tão restritivo quanto ao acesso à educação, passam por seu caminho sem nunca repensarem o seu papel dentro da universidade e da sociedade, o que implica conjuntamente em pensar o papel social da universidade em si mesma.
A universidade tem seu pilar no tripé de ensino, pesquisa e extensão, sendo indispensável refletir sobre a necessidade de sua constante renovação em conforme com desenvolvimento social. Hoje, visualizamos que a ciência e a tecnologia têm perdido o horizonte da superação dos graves problemas sociais do país, voltando-se, ao contrário, para o conservadorismo na lógica capitalista da exclusão, ao invés de produzir ciência e tecnologia para as necessidades mais sentidas pelo povo. O ensino, a pesquisa, e a extensão universitária deveriam estar articulados com saberes populares e tradicionais para a socialização em massa do patrimônio cultural, histórico e científico acumulado, permitindo a busca de soluções para as mazelas de nosso mundo.
A problemática dessas questões se encontra principalmente pela falta de debate e reflexão acerca da nossa própria universidade, da função que ela cumpre dentro da sociedade de classes e da pouca interação com os setores que mais precisariam apoio público. Por isso, nos propomos a esse debate, o debate da construção prática, tanto no cotidiano de nossas atividades de extensão quanto de pesquisa, de uma universidade que se paute pelas necessidades reais do povo. Uma universidade onde o conhecimento não seja produzido descolado da prática e da realidade.
Sabemos que essa Universidade não virá como benesse dos gestores do sistema capitalista, mas será construída no dia-a-dia de nossas lutas como movimento social que se coloca ombro a ombro com os trabalhadores em seus mais diversos mecanismos de organização.
Estamos contribuindo ao V Congresso de Estudantes na perspectiva de tornarmos nossos espaços acadêmicos mais próximos da realidade dos trabalhadores em favor de uma Universidade Popular.

            DEMOCRACIA

Na UFRGS, presenciamos a cada eleição para a reitoria uma situação injustificável de sub-representação dos segmentos mais numerosos da universidade. Hoje, o peso dos votos segue uma proporcionalidade de 70% dos votos para os docentes, 15% para os técnico-administrativos e 15% para os estudantes. É necessário lembrar que essa desproporção se reproduz no cotidiano dos órgãos colegiados da universidade, onde a divisão 70/15/15 é a regra geral.
Se considerarmos que nossa comunidade acadêmica é composta por cerca de 23 mil estudantes, 7 mil servidores e 2 mil professores, nos deparamos com uma iniquidade manifesta: a cada votação de conselho, ou a cada eleição de reitor, um voto docente corresponde a 15 votos de servidor e 80 votos de estudante. A supervalorização da decisão dos professores em relação aos demais segmentos é reflexo de um preconceito arcaico e bacharelesco – típico de uma universidade construída sobre hierarquias. A defesa da atual configuração 70/15/15 se baseia em argumentos semelhantes aos utilizados pelas elites tradicionais contra o sufrágio universal, visto então como uma ilegítima intromissão do povo nas questões políticas.
Por isso, nós estudantes devemos exigir que seja obedecido o princípio da gestão democrática, assegurando a participação da comunidade universitária em todas as instâncias deliberativas. Assim, o reitor e o vice-reitor devem ser escolhidos mediante eleições diretas e secretas, com uma participação paritária de 33% dos votos para os docentes, 33% para os técnicos-administrativos e 33% para os estudantes, encerrando-se a utilização de instrumentos autoritários e lutando pela revogação imediata da Lei nº 9192/95 e pela retirada do parágrafo único do artigo 56 da LDB-9394/96. Em ambas, está explícita a intervenção do governo na forma de escolha dos dirigentes e na composição dos órgãos colegiados e deliberativos cujos critérios centralizam-se no MEC.
As experiências de avanço nessa democratização estão surgindo recentemente no Brasil, como na Universidade Federal Fluminense que aprovou em sessão do Conselho Universitário uma medida para assegurar a proporção 33/33/33 nas eleições da Administração Central, no que vem se juntar à UFSC, UnB e outras. A paridade é um avanço mínimo, mas que a UFRGS permanece negando a seus servidores e estudantes, com base em um raciocínio retrógrado e antidemocrático. Convidamos a todos os servidores, estudantes e professores da UFRGS a refletir sobre essa situação e assumir como sua essa causa, para que enfim possamos dizer juntos: pela democracia na universidade, é paridade 33!

                                                                       DAECA – Gestão Práxis

Tese do Diretório Acadêmico de Educação Física e Dança

DCE UFRGS – Reorganizar para Avançar
Vivemos um período de crise estrutural do capital: estamos num processo de desemprego em larga escala e aumento da exploração do trabalho dos que ainda estão empregados, de aumento da inflação e, contraditoriamente, diminuição do salário. O neoliberalismo se estrutura a partir de uma lógica de Estado mínimo, na qual, esse deixa de ser responsável pelos bens sociais - como educação, saúde, previdência – e, ao mesmo tempo, é máximo para o capital, pois beneficia empresas, bancos e indústrias de grande porte.
            A crise iniciada no segundo período de 2008 demonstra que está longe de terminar, pelo contrário, se intensifica atingindo escala global. Essa crise diferencia-se das demais, uma vez que atinge todos os setores – econômico, político, social e ambiental. Frente a essas ofensivas os trabalhadores estão dando respostas no mundo todo: na Europa, na Ásia, na África, na América Latina.           
No Brasil, o plano neoliberal passou a ser implementado com Collor, e com FHC conseguimos ver a onda de privatizações e desestatizações, mas a classe trabalhadora dava respostas e enfrentava o capital. Com a vitória de Lula, em 2002, há uma grande esperança para que os rumos de nossa história tomassem outro caminho e que o operário colocasse a voz do povo no poder. Não foi o que aconteceu: Lula, no início do mandato, envia a carta à sociedade deixando claro que daria continuidade as políticas de FHC. Ao longo do mandato vimos algo que não acontecia anteriormente, setores que eram de luta são cooptados pelo governo, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do país, e a União Nacional de Estudantes (UNE). Além dos setores que representam trabalhadores e estudantes, há uma cooptação do povo mais humilde, que recebe o Bolsa Família, garantindo em torno de 24 milhões de votos para o PT nas próximas eleições.
No início de 2011, Dilma/PT cortou 50 bilhões do orçamento da União, demonstrando aquilo que já sabíamos: iria governar para o capital. Os ataques mostram-se muito mais ofensivos. O novo Plano Nacional de Educação (PNE) passa a ser uma de suas principais políticas, e prevê que toda contra-reforma universitária passe a se tornar uma política de Estado.
Vemos que o setor educacional é um dos mais precarizados, o Governo investe em torno de 2,84% do PIB em educação, em contrapartida investe 46% do PIB para pagar a dívida externa. Houve um corte de 3,1 bilhões da educação no início desse ano, causando uma intensificação dos problemas já existentes nas escolas e universidades, como a falta de estrutura, professores, servidores, etc. Além da educação há uma precarização grande na saúde, hospitais públicos lotados, sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS), certamente como uma forma de justificar a posterior privatização do mesmo. Ataques a previdência, aumentando o tempo de trabalho e tornando a gratificação após anos de trabalho cada vez mais distante de ser usufruída.
Diferente de outros anos, 2011 inicia com grandes mobilizações em todo o país, greve nas Universidades Federais, num primeiro momento de servidores, agora com professores e estudantes. Reitorias ocupadas, na UFSM, UFRGS, UEM, UFSC, UFCS, UFPEI, UFF, UFPR, IFBA, UFMT, UFT, UFES. No dia 24 de agosto mais de 20 mil pessoas foram à Brasília, num ato a favor da educação e saúde pública, na jornada de lutas, que reuniu setores de luta de todo o país, com a principal bandeira: 10% do PIB na educação pública.
O país do futebol explora trabalhadores para construção de novos estádios para a copa do mundo de 2014, que o povo não vai usufruir. Removem famílias de suas casas fazendo uma verdadeira limpeza social, para esconder do mundo a realidade brasileira, de extrema pobreza.
Os jovens do mundo todo demonstram que a vida não pode continuar desse jeito e se mobilizam para mudar a realidade que vivemos. A seguir apresentaremos que ME defendemos para dar continuidade e força a luta no país.
União Nacional dos Estudantes: a quem serve?
Vemos nesse contexto colocado poucas vitorias do ME e as poucas que temos nenhuma se deu ao lado da UNE, ou por dentro da mesma. Além disso, nesse contexto de ataques e respostas, há muitas lutas acontecendo e em nenhuma delas a UNE estava presente reivindicando e organizando os estudantes.
Nacionalmente o ME passa por um período de reorganização, que se inicia há quase duas décadas e cresce nos últimos 8 anos, em que o PT chega ao governo. Esse período se dá por diversos fatores, centralmente destacaremos o processo de burocratização, aparelhamento e degeneração da entidade nacional representativa do ME a UNE.
A UNE, desde o inicio da década de 90, vem degenerando-se. Um exemplo foi a posição de defender o Fora Collor, porém sem novas eleições, que colocava o vice Itamar no poder, já demonstrando limitações para a época. Nesse processo algumas secretarias de curso rompem com a UNE e fundam algumas executivas de curso. Essa posição e esses fatos demonstram limites que a UNE já apontava.
Não é a toa que em 90, abre-se a proporcionalidade nas eleições da Entidade, com o objetivo de democratizá-la internamente, mas isso não foi empecilho para que até hoje, o mesmo grupo político tomasse a maioria das cadeiras da UNE e aparelhasse completamente a entidade. Esse foi um processo de corrosão interna da UNE, e que a torna indisputável até hoje.
O processo de eleições dos delegados para o Congresso da UNE é fraudulento. O Congresso em si, além de um espaço extremamente antidemocrático, é esvaziado de debate político que sirva para organizar um movimento de luta e combativo.
Seus fóruns não debatem o ME a partir de uma necessidade de respostas aos ataques sofridos, mas sim, debatem a partir da necessidade de apoio as políticas traçadas pelo Governo para a Educação. A UNE não é oposição ao governo Lula-Dilma/PT, pelo contrário é a juventude que vem defendendo e ajudando a implementar suas propostas.
Com a entrada de Lula/PT no governo, o processo de degeneração da UNE acelera-se e torna-se irreversível. A UNE defendeu cada projeto da Contra Reforma Universitária neoliberal que Lula aprovou, sendo um ponto de apoio ao governo durante o processo. Na tese da Direção Majoritária (UJS - PCdoB) “Transformar o sonho em realidade” vemos a defesa descarada do REUNI e PROUNI, e além disso, a proposta de que se amplie ainda mais esses programas que como o PROUNI, beneficiam a iniciativa privada e no caso do REUNI expandem a universidade pública sem o mínimo de garantias estruturais, acabando por sucatear ainda mais o Ensino Superior público.
Vemos uma UNE completamente atrelada ao governo, e mais que isso, comprometida a servir a implementação de cada medida para sintonizar o Brasil a ordem mundial do desenvolvimento econômico a partir da educação, colocando-a a mercê das necessidades do capital e não servindo ao povo. A UNE defende 10% do PIB para a Educação, e naquela mesma tese coloca: 10% do PIB para duplicar bolsas do PROUNI, ou seja, é dinheiro público que vai direto para as instituições privadas de Ensino Superior.
A UNE é financiada pelo governo, o ex-presidente Lula declarou que a UNE nunca esteve tão rica, pois barganhou 44 milhões do governo para a reconstrução de sua sede no RJ. Coincidentemente, a UNE nunca foi tão governista. Além de contar com todo aparato do Estado para realização do CONUNE, que teve auxilio financeiro de 5 ministérios e mais a Petrobras (que deu 100 mil reais para o Congresso).
A UNE abandonou há muito tempo a posição de classe, ao defender um mundo multilateral, amortecendo os impactos dos ataques do Governo aos trabalhadores. Defende as reformas estruturantes, de adequação as necessidades do capital, como a reforma educacional, a reforma tributária e a reforma política.
Apesar de tudo isso ainda há grupos que respaldam a UNE e seus espaços despolitizados, isso é priorizar uma disputa que é superestrutural. No último CONUNE, setores de oposição a UNE, conseguiram 3 vagas na direção, essa foi uma vitória para os companheiros, porém entendemos que dentro de um plano maior, isso fortalece uma prática que devemos abolir do movimento, pois há setores de luta que ainda acreditam numa disputa perdida, e despendem sua militância na construção de uma entidade falida para as lutas sociais.
Ainda, há setores que acreditam na disputa da base da UNE, respeitamos a posição desses camaradas, porém compreendemos que a disputa da base e da consciência dos estudantes, se dá a cada dia, nos nossos cursos e nas nossas escolas, e não em congressos anuais que delegações inteiras são arrastadas e conhecem um ME que temos total desacordo. Essa também é uma postura de respaldar a direção majoritária, e seus espaços antidemocráticos e seu debate governista.
É insustentável que a maior entidade estudantil do RS continue referendando e compondo a UNE. Por isso defendemos que o DCE da UFRGS não respalde mais essa Entidade, rompendo com ela. Rompendo para que no próximo ano não componha e não tire delegados para nenhum dos seus fóruns, por entender que a UNE não serve para aglutinar pautas do ME combativo. Estar na UNE é respaldar práticas e políticas que não constroem o movimento estudantil hoje, além de não contribuir concretamente para as lutas que travamos na Universidade.
ANEL: Uma alternativa a UNE?
Ao pensarmos uma entidade nacional, deve-se levar em conta qual é a sua tarefa. Tem papel de organizar para aglutinar os levantes e avançar rumo à superação estrutural das problemáticas existentes. A nosso ver, uma entidade nacional precisa servir como uma ferramenta de aglutinação dos diversos setores que compõem o cenário de luta estudantil a nível nacional.
Vemos aí o cerne do problema da ANEL. A entidade não representa um espaço aglutinador de forças. Sendo isso derivado do próprio processo de criação da entidade, onde apenas um grande setor do ME nacional, a juventude do PSTU, pautou a criação da nova entidade.
Diante dessa configuração, a ANEL, por não expressar a maioria dos setores de luta brasileiros, acaba tendo de criar mecanismos para dar fôlego e alastrar seu nome, através de campanhas, muitas vezes, de cunho agitador e propagandista somente.

Nem UNE, Nem ANEL!
Entendemos que existe a necessidade de uma entidade que sirva de ferramenta para aglutinar e organizar as lutas a nível nacional, e que tal entidade ainda não existe. Precisamos reorganizar o ME a partir de sua base, de suas pautas específicas, concomitante a isso que construam as condições objetivas e subjetivas a criação da nova entidade.
Acreditamos que o DCE da UFRGS deve voltar suas forças para reorganização interna dos estudantes da Universidade, diferentemente do que vimos na última gestão, onde a polaridade UNE-ANEL, por vezes, tornou-se prioridade da entidade, afastando-a das necessidades reais dos estudantes.
Muitos são os desafios que se colocam para uma entidade que pretenda lutar pelos interesses dos estudantes e trabalhadores, o que torna prioritário responder às demandas que surgem de sua base, sem deixar de lado o processo de reorganização nacional, processo esse que seja resultante e não resultado das lutas específicas. Por isso defendemos que o DCE-UFRGS não construa nem a UNE, nem a ANEL.
Diretório Acadêmico de Educação Física e Dança – UFRGS
Setembro, 2011.

Tese do CABAM - Centro Acadêmico de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia

QUE A LUTA DA JUVENTUDE NO MUNDO INTEIRO NOS INSPIRE!!

Tese do centro acadêmico da Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia da UFRGS-CABAM

            Primeiramente gostaríamos de deixar uma saudação a todos que estão presentes no V Congresso de Estudantes da UFRGS.
            E dizer que este congresso se realiza em um momento ímpar, onde assistimos lutas da juventude no mundo inteiro: Egito, Espanha, Portugal e Chile, tendo em todas estas lutas objetivo comum: lutar por condições de vida melhores.
            Por isso nós dizemos que no Brasil não é diferente, e que nos solidarizamos com a luta dos estudantes do mundo por entender que estas lutas são por uma vida digna, onde a juventude tenha perspectivas de vida, que passa necessariamente por um ensino público, gratuito e de qualidade.
            Por isso dizemos que temos muitos motivos para lutar também, pois aqui no Brasil estamos longe de ter qualidade no ensino e “universalização”, é só observar os altos índices de analfabetismo (mais de 10% da população) e apenas 14% da juventude têm acesso ao ensino superior público, e todos os outros ficam de fora, e que mesmo este ensino “público” é muito oneroso para os estudantes.
            Hoje vivemos uma realidade onde a juventude não pode mais só estudar, os estudantes de nossos três cursos (biblioteconomia, arquivologia e museologia) na sua maioria estudam e trabalham, dificultando permanência na universidade.
            Acreditamos que o governo deve investir muito mais em educação para ser ampliados os RU’s, acabar com o serviço terceirizado na Universidade, comprar mais livros para as bibliotecas, aumentar o valor e o número de bolsas permanência, aumentar o valor e número de bolsas de extensão (fortalecendo assim o tripé: Ensino – Pesquisa – Extensão), construir prédios para os novos cursos, construir espaços de convivência estudantil, propiciar a participação dos estudantes nos encontros de cursos,  aumentar as vagas nas universidades públicas com o respectivo aumento de investimento nestas universidades, abrir concurso para professores e etc. Então acreditamos que se fosse política do governo priorizar a educação poderíamos dar grandes saltos na universalização do ensino, que tanto o governo propagandeia, mas é sentido na realidade, quando vemos colegas abandonando os estudos por não ter como se manter. Por isso exigimos o investimento de 10% do PIB já para a educação pública já!

RU’s

            Uma grande dificuldade encontrada pelos estudantes são as enormes filas dos RU’s, resultando em muitas vezes não dá tempo de sair de uma aula, almoçar e voltar para aula, ou pior, sair da aula, almoçar e ir trabalhar. Por isso lutaremos pela ampliação dos RU’s; que volte o suco; que a Universidade incentive o uso de canecas, acabando com o uso de copos plásticos; que os estudantes vegetarianos tenham opções no cardápio. Sensibilizamos-nos também com a precariedade dos trabalhadores terceirizados na UFRGS, que tem salários defasados e cumprem as tarefas mais pesadas na nossa universidade, como a limpeza, fazem a comida dos estudantes e etc, precisamos exigir que estes trabalhadores sejam incorporados no quadro funcional da ufrgs e se abra concurso para contratar mais servidores, acabando assim com o serviço terceirizado, tanto nos RU’s como na universidade como um todo.

Assistência estudantil

            Vemos como muito importante a assistência estudantil para permanecer na Universidade, e também vemos como insuficientes o valor pago pelas bolsas, sejam bolsas SAE ou bolsas de pesquisa, e etc., pois com o alto custo dos xérox (temos que sempre tirar xérox pois não temos os livros que os professores pedem na biblioteca, e se tem, são poucos exemplares para um número muito grande de alunos), o alto valor que pagamos no transporte, na alimentação, enfim na nossa manutenção na universidade, e que era para suprir isto deveriam ter mais bolsas de permanência, bolsas de pesquisa e etc, mas principalmente aumentar imediatamente o valor destas bolsas, para suprir as reais necessidades dos estudantes! Por isso precisamos sacudir nossa Universidade, chamar todos os estudantes e Centros Acadêmica e exigir de Dilma e do Ministro da Educação, mais investimento na educação pública!Educação tem que ser prioridade!

Bibliotecas
            Hoje enfrentamos um problema objetivo nas nossas bibliotecas, os livros dos planos de ensino de nosso professores não têm na biblioteca, e quando os têm são em poucos exemplares, o que nos faz gastar grande parte de nosso orçamento em Xerox, e muitas vezes nem temos condições de pagar por todas essas cópias. Queremos mais livros na biblioteca!

Espaços estudantis de convivência

Somos aqueles que acreditam que a educação não é completa se ficarmos somente na sala de aula, precisamos participar de seminários de formação, de palestras e etc, mas também acreditamos que a troca de experiências e a convivência com colegas é muito importante para a formação, sendo neste sentido, muito importante espaços de convivência, seja para fazer rodas de conversas ou até mesmo comemorações e festas. Neste sentido, a nossa universidade não proporciona isto aos estudantes, por isso queremos que os Centro Acadêmicos tenham espaços para os estudantes, tanto para o CA, DA, como para fazer suas festas, por exemplo na FABICO (que é onde se situa nossos cursos), o único local que temos para fazer nossas confraternizações é o DCE da saúde que é muito pequeno e sua estrutura completamente precária, chegando ao cumulo de que se marcamos para um dia a festa, e neste dia chove não temos condições de faze-lo pois não cabem todos os estudantes dentro do espaço.
            Por isso reivindicamos que assim como o Centro de Vivencias do Vale, os estudantes dos outros campis da Universidade também tenham Centros de Vivencias para fazer suas atividades.
            Por todo os pontos elencados a cima exigimos:

- Ampliação dos RU’s!
- Volta do Suco nos RU’s!
- Uso de canecas!
- Cardápio vegetariano nos RU’s!
- Aumento imediato do valor das bolsas
- Aumento imediato do número de bolsas oferecidos para os estudantes!
- Mais livros nas bibliotecas!
- Acabar com o serviço terceirizado, abrindo concurso para estes, e incorporando os trabalhadores que já estão trabalhando, no quadro de servidores públicos da Universidade.
- Construção de espaços de convivência para os estudantes!

            Para que tudo isso seja possível, exigimos a aplicação imediata de 10% do PIB para a educação pública já!

Tese do Diretório Acadêmico de Fisioterapia.


            LUTAS NA ESEF

1.    REUNI e os 2 Novos Cursos no Campus
No segundo semestre de 2007 foi aprovada a adesão da UFRGS ao REUNI. O projeto apresentado pela Universidade previa o aumento de 34% das vagas, a redução da taxa de evasão para 10%, a ampliação das vagas na casa do estudante e das bolsas-permanência, a contratação de 410 professores e 360 servidores técnico-administrativos, num investimento que, ao final dos 5 anos de implantação do REUNI, seria de R$203 milhões.
Em 2009 o Campus Olímpico passou a abrigar, além dos cursos de Educação Física, dois novos cursos implementados em função do REUNI: Fisioterapia e Licenciatura em Dança. Deste modo a realidade da ESEF se configurou na entrada anual de 220 novos estudantes, totalizando 660 novos estudantes nos últimos três anos. Entretanto, essa expansão acelerada veio desacompanhada dos recursos necessários para uma formação digna e de qualidade.
Desde que o REUNI chegou à ESEF, nenhum metro quadrado foi construído, resultando na falta de salas – com aulas eventualmente sendo canceladas ou dadas ao ar livre – e de espaços necessários para a formação dos estudantes, como a Clínica de Fisioterapia e salas para o curso de Dança com estrutura e recursos apropriados. Além disso, espaços de convivência para os estudantes, incluindo a sede Diretório Acadêmico de Fisioterapia, continuam inexistentes.
Somente três anos depois da entrada dos dois novos cursos, destacando o fato de que o curso de Dança possui a maior parte de suas disciplinas ministradas no turno da noite, é que se inicia a janta no RU da ESEF, fato que só se deu através de luta e mobilização dos estudantes. Antes disso, a assistência estudantil mínima àqueles que precisavam freqüentar o campus no turno da noite não era garantida, pois a busca por refeição nos arredores da ESEF, além de prejudicar a permanência do estudante na Universidade, agrava a questão de falta de segurança já propiciada pela pouca iluminação noturna do Campus Olímpico.
Sabemos que essa realidade não é exclusiva da ESEF ou da nossa Universidade. A falta de estrutura e de qualidade se espalha pelas universidades de todo o Brasil. Com os cortes de verbas já anunciados ainda para este ano, incluindo 10% do financiamento da UFRGS, sabemos que a educação continua não sendo prioridade para os governos. O novo PNE, além de trazer mais ataques ao ensino público, reitera a promessa dos 7% do PIB para a educação, que não foram cumpridos nos últimos 10 anos, conforme o previsto pelo PNE passado. Não podemos esperar mais dez anos para continuarmos assistindo a universidade pública se tornar cada vez mais precária. Diante dos fatos, é essencial que lutemos pelo real investimento num ensino público, gratuito e de qualidade, dizendo não ao novo PNE do governo Dilma e exigindo 10% d o PIB para a educação.

2.    RU NA ESEF JÁ!
A Assistência Estudantil é essencial para a permanência dos estudantes na Universidade. É nesse sentido que teve início no primeiro semestre de 2006 a Campanha RU na ESEF JÁ!.
Conforme as pesquisas realizadas pelo DAEFi, havia a necessidade de em média 250 refeições diárias no Campus Olímpico e desde a década de 80 se apontavam iniciativas dos estudantes para essa reivindicação. Foram organizados 5 atos-almoço e reuniões ampliadas, decidindo-se coletivamente os rumos da campanha. A campanha também foi pautada no II Congresso de Estudantes da UFRGS onde contamos com o apoio do DCE e de outros estudantes da Universidade.
No dia 13 de setembro de 2006 cerca de 300 estudantes da ESEF, em conjunto com outros estudantes da UFRGS ocuparam a Reitoria, reivindicando a construção imediata do RU na ESEF. Ao som da Banda Talibã, composta por estudantes de Educação Física, o então Reitor José Carlos Hennemann assinou o termo de comprometimento com a abertura do RU no campus Olímpico.
Houve ainda mais um grande ato no dia 29 de setembro quando se votaria no Conselho Universitário (CONSUN) a construção do nosso RU. O conselho foi ocupado, gerando repressão por parte da Universidade e mesmo assim, com muita luta, conseguiu-se formar uma comissão, composta por DAEFi, DCE, Secretaria de Assuntos Estudantis, Reitoria, e a Superintendência de Infra Estrutura para acompanhar o andamento das licitações e projetos.
No segundo semestre de 2007 – um momento de ocupações de reitorias no país inteiro iniciado pelos estudantes na USP – a pauta foi unificada à de outros cursos da UFRGS e junto ao DCE, ocupou-se a reitoria. Um grande marco na história do Movimento Estudantil gaúcho, pois após várias promessas por parte do reitor, e muitos prazos não cumpridos, a ocupação garantiu a abertura imediata das licitações para as obras do RU.
Em junho de 2008, mesmo com o prédio do RU pronto, ainda não havia respostas sobre sua inauguração. Vários prazos pra abertura já haviam vencido, e não se via nenhuma movimentação por parte da reitoria.  Então no dia 3 de novembro o Reitor em visita a ESEF deparou-se com outro ato-almoço onde foi cobrado por muitos estudantes e se comprometeu com a inauguração do RU no dia 13 de novembro.

3.    E a JANTA...
Após três anos da conquista do RU na ESEF, e com mais dois cursos novos no Campus, a necessidade do RU servir Janta foi aumentando. O DAEFi então começou a organizar atos-janta, reiterando essa demanda.
A Campanha da Janta pelo RU da ESEF só tomou mesmo corpo no Luau de encerramento das Semanas Acadêmicas de Educação Física e Dança e de Fisioterapia no dia 26 de maio de 2011, onde conseguimos, DAEFi e DAFISIO, inaugurar a Campanha Janta no RU da ESEF JÁ!. Contamos com o apoio do DCE e conseguimos fazer camisetas e adesivos para divulgarmos e ampliarmos a campanha. Nas passadas em sala os estudantes esperavam ansiosos por respostas sobre a abertura do RU à noite.
No dia 22 de agosto de 2011 recebemos a notícia via informativo de email que seria inaugurada a Janta no RU da ESEF. Organizamo-nos juntamente com o DCE para fazermos intervenções e mobilizar o maior número de estudantes para a abertura.
            No primeiro semestre de 2011 tivemos essa grande vitória, a conquista da JANTA no RU da ESEF. Reivindicamos essa como mais uma vitória do Movimento Estudantil que luta por garantir uma Universidade Pública e de Qualidade!

4.    Educação Física é uma só! Formação Unificada já!
Em 2004 foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Educação Física. O processo de formulação dessas diretrizes se deu de forma apressada não respeitando o diálogo com todas as entidades e segmentos que participavam do debate. Nestas Diretrizes estava presente um dos maiores equívocos da área: a fragmentação do curso em bacharelado e licenciatura – aplicada na ESEF já no vestibular de 2005 sem nenhum debate com a comunidade acadêmica. Após a aprovação dessas Diretrizes dividiram o curso pelo restante do país, por entenderem que essa divisão era obrigatória.
Neste mesmo ano, no XXV Encontro Nacional dos Estudantes de Educação Física (ENEEF) em Brasília, os estudantes, em protesto, ocuparam o Conselho Nacional de Educação solicitando a revogação das atuais DCN. A partir deste momento, o Movimento Estudantil de Educação Física (MEEF) passou a pautar em seus encontros a formação como tema em destaque, problematizando a divisão do curso além de denunciar as ingerências do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) que coloca que o licenciado só poderia atuar dentro da escola, mesmo que esta informação seja falsa.
Com a necessidade de um debate mais aprofundando nas escolas, o MEEF pautou no XXX ENEEF a Campanha ‘EDUCAÇÃO FÍSICA É UMA SÓ! FORMAÇÃO UNIFICADA JÁ!’, que esclareceu as escolas sobre as irregularidades da divisão e desse modo iniciou a discussão sobre a formação unificada em diversas universidades do país.
Na ESEF/UFRGS as discussões sobre currículo iniciaram desde a divisão do curso. As contradições só aumentaram: eram os mesmo professores, os mesmos colegas, e a diferença entre os currículos era pouco mais que dez disciplinas. Então o DAEFi começou a problematizar a questão em suas semanas acadêmicas, junto aos estudantes. Em 2009 iníciaram-se os estudos e debates mais aprofundados de currículo. Formou-se uma Comissão de Reestruturação Curricular (CRC) com representantes do Núcleo de Avaliação de Unidade (NAU), COMGRAD, DAEFi e Direção.
A partir do acúmulo de debate do MEEF, o DAEFi construiu uma proposta de formação para o currículo da ESEF que pauta a Licenciatura Ampliada. Essa proposta foi construída após inúmeras reuniões no Grupo de Trabalho Curricular, na época da CRC, e também através dos Grupos de Estudos sobre Currículo realizado pelo Diretório Acadêmico.
Infelizmente hoje a proposta que entrará no vestibular de 2012 não traz nenhum dos debates acumulados na CRC e nem teve participação dos estudantes.

5.    Campanha pela Paridade
Em agosto de 2010, no retorno do período de férias e dos Encontros Nacionais de Estudantes, os estudantes receberam a notícia de que a Comissão de Reestruturação do Curricular do Curso de Educação Física seria desfeita e uma nova comissão seria formada para materializar as discussões feitas até o momento. Esta nova comissão, proposta pela direção da ESEF, seria composta por 3 professores e um estudante, desrespeitando todo o processo da construção coletiva anterior.
No dia 1º de setembro a direção lançou uma portaria destituindo a 1ª Comissão de Reestruturação Curricular para a criação da nova comissão composta somente por professores, pois com as negociações esgotadas e por entender os estudantes não teriam poder de decisão neste processo, o DAEFi se retirou. Após esse golpe por parte da direção, o DAEFi iniciou dentro do Campus uma Campanha pela Paridade!, mais tarde aderida pelo DAFISIO, que apesar de reconhecido pelo Conselho da Unidade, não possui espaço para representação no mesmo.
Foram então espalhados cartazes pela ESEF com a frase “O Estudante não é Palhaço!”, denunciando aos estudantes e à comunidade acadêmica a atitude da Direção. Foi escrito pelo DAEFi um Manifesto pela Paridade que contou com inúmeras assinaturas de Centros e Diretórios Acadêmicos, coletivos e entidades do Movimento Estudantil. Esse manifesto foi censurado pela Direção, sendo proibido seu envio aos estudantes através das COMGRADs. Cópias do manifesto foram coladas pelas paredes do campus, o que gerou mais repressão da direção que censurou os materiais.
Atualmente encampamos a Campanha pela Paridade na UFRGS conjuntamente com GTUP, DCE, DA’s e CA’s da Universidade. Acreditamos que a manutenção da atual configuração 70/15/15 são reflexos de práticas elitistas que por muito tempo podaram a participação de mulheres, negros, índios, pobres e analfabetos dos processos de decisão do país. Defendemos a participação de toda a comunidade universitária e a democracia nas Instituições de Ensino Superior. A paridade é o primeiro passo rumo à democracia na Universidade e por isso repudiamos todo e qualquer tipo de simbolismo nas decisões, tal como representa o 70% dos votos aos professores, 15% técnicos e 15% alunos.

SEM LUTA NÃO HÁ CONQUISTA!
            As vitórias no Campus Olímpico, como a construção do RU na ESEF assim como a conquista da Janta no RU, nos dão a certeza de que os estudantes organizados e o movimento estudantil de luta são capazes de alcançar conquistas que vão contra os interesses do capital.
            Cabe ressaltar, que nenhuma conquista se dá ao acaso, é necessário organização e unidade para fortalecer as lutas e nos preparar pros próximos ataques à educação e aos nossos direitos enquanto estudantes. Para isso, torna-se essencial que estejamos unidos para dar combate! Precisamos de mais interação entre DA's, CA’s e DCE, entre os estudantes da Universidade e de outras universidades que vivem a mesma realidade de precarização do ensino.
Os 10% do PIB pra educação não pode mais ser um sonho, tem que ser realidade! E se os estudantes querem uma universidade pública de qualidade, precisam estar unidos e preparados para enfrentar direções, reitorias, governos, e tudo que possa vir pela frente. Já alcançamos muito, e podemos muito mais!

DIRETÓRIO ACADÊMICO DE FISIOTERAPIA (DAFISIO)